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Nietzsche e a sua minúnciosa Linguagem (Meta física)

  • ensaista: Anderson Muniz
  • 20 de abr. de 2020
  • 3 min de leitura

Segundo Nietzsche a consciência é o pensar que ocorre em palavras, porém há uma outra forma de pensar que não essa. Por certo a linguagem e a consciência andam lado a lado, a consciência se desenvolve para que sejamos entendidos. Não dá pra pensar a consciência sem a moralidade. O homem passa a ser criador de signos. Este é ao mesmo tempo mais consciente de si. Mas isso em vista de um problema de linguagem. O homem civilizado é, portanto o homem mais dotado de consciência, porém também é o mais neurótico, aquele que recalca seus instintos. Como Freud dizia, há um conflito interior dentro dos homens. Entre o valor civilizacional e o instinto individual, antagônico ao desejo massivo. Aqui segundo Nietzsche, muito antes de Freud, há uma patologia, um atentado contra si mesmo, pois o homem atual passa a ser o mais domesticado. O filósofo alemão chega a dizer que a consciência não é o princípio da individualidade. Consciência é algo comunitário e gregário e não individual. O pensamento é constantemente suplantado levando-o de volta a concepção gregária, ou seja, ao gênio gregário, portanto, passa a ser vedada a Vontade de Poder.

No reino animal podemos tomar o exemplo do Tigre, que é pura vontade de Poder, que não está preocupado em se comunicar, pelo menos na instância que lhe constitui, a de predador. Nisto, de uma perspectiva freudiana, o pensamento mesmo do ID, é traduzido para ordem gregária , ou seja, perde-se o individual e perde-se a si mesmo. Nessa medida a consciência crescente torna-se um perigo, pois perdemos nosso senso estético, nosso tesão pela vida, tornamo-nos cansados, melancólicos e niilistas (isso segundo os filósofos da suspeita). Em Nietzsche, tal circunstância é uma doença, o excesso de consciência moral. Para ele ou você nega o conflito consigo mesmo em favor do social, ou o conflito do social em favor de si. Cada um terá sua consequência.

Já na Genealogia da Moral a novidade nietzschiana, é a crítica acentuada ao utilitarismo e outras vertentes variadas, porém com um mesmo núcleo, a negação da vontade de poder e da vida. Ali ele aborda o conceito de transvaloração que supostamente teria sido provocado pelos judeus oprimidos no cativeiro de reinos gentílicos, mas que pela força da moral dos fracos muda os valores nobres.

Quanto ao utilitarismo, Paul Rée, o indivíduo que curiosamente disputava com Nietzsche, o amor de Salomé, era dessa vertente ética, ou seja, aquele que não acredita no Bem supremo de Platão , mas reverenciava a moral da utilidade, a saber, o bem sendo apenas aquilo que é útil para um número maior de pessoas. Um outro, ex-amigo de Nietzsche, era Wagner, que acatava valores em vista do pensamento de Schopenhauer e até do cristianismo.

O Nietzsche maduro negava a visão de Schopenhauer pelo “budismo” e da negação dos valores nobres, pelo cristianismo, considerando-os niilistas. E também a fumaça negra do utilitarismo, que segundo ele negava o indivíduo. Ou seja, para o alemão sacrificar-se significaria negar a vida. Segundo ele, tanto o budista, quanto o cristão, praticavam a moral da compaixão, um ascetismo, uma ascensão que busca algo que está fora da vida, já o utilitarismo preconizava a mesma coisa em pura laicidade. Esses, segundo o filósofo, seriam os valores vigentes. Valores que mascaram a vida como ela é. Um conhecimento indesejado. Aqui Nietzsche assevera os males do BEM seja o de Platão, seja o do utilitarismo, do ascetismo búdico, cristão e até do darwinismo.

Com a moral e a ética (no sentido do como o mundo deveria ser) o homem deixa de ser homem, percebe-se sob o jugo da condição da consciência social. Nietzsche, portanto, tinha problemas também com o Darwinismo.

Pois Darwin compreende a vida como luta pela sobrevivência. Mas Nietzsche vai dizer que o homem não quer apenas sobreviver, quer também criar, ser artístico, criativo. Desta compreensão nietzschiana a ênfase é ir contra o termo SOBREVIVER, seja pela utilidade, seja pela condição natural, pois o homem não está aqui apenas para isso, mas mais do que tudo, para viver e criar o NOVO. E assim diante dos problemas éticos que cercam a filosofia de Nietzsche, Heidegger que herda muitas dessas ideias irá trabalhar a ordem de um verdadeiro vislumbrar do ser pela linguagem, mas não a da técnica, mas aquela que encarna no ente a real visceralidade da vida em vista de um "chamado" do ser.

 
 
 

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